Fundecitrus

Pragas e Doenças

Uma diversidade de pragas e doenças afeta a citricultura brasileira. Por meio de pesquisas, o Fundecitrus, em parceria com outras instituições, busca oferecer aos citricultores e à comunidade científica um material de referência para a identificação, prevenção e controle das pragas e doenças mais frequentes ou impactantes nas principais regiões produtoras de citros do país.

Leprose / Ácaro-da-leprose

Cancro cítrico

Morte Súbita dos Citros (MSC)

Pinta preta

Podridão floral

Bicho-furão

Moscas-das-frutas

Mosca-negra

Ortézia

Pulgões

Minador-dos-citros

Escama farinha

Ácaro-da-falsa-ferrugem

Ácaro-branco

Ácaros tetraniquídeos

Moscas-das-frutas

Causam danos diretos aos frutos devido ao seu apodrecimento e queda.

As espécies mais preocupantes na citricultura brasileira pertencem aos gêneros Anastrepha e Ceratitis. Das 195 espécies de Anastrepha registradas no continente americano, 48,2% são encontradas no Brasil. A única espécie do gênero Ceratitis conhecida no país é a Ceratitis capitata (Wied.), uma espécie introduzida, originária do continente africano, conhecida como mosca-do-mediterrâneo.

Anastrepha fraterculus (Wied.), Anastrepha obliqua (Mac.), Anastrepha turpiniae Stone e C. capitata (Tephritidae) são as principais espécies responsáveis pela queda de frutos cítricos no Brasil, ocasionando perdas de 30% a 50% aos produtores. Também há relatos de moscas-das-frutas da família Lonchaeidae e seis espécies do gênero Neosilba, encontradas no estado de Mato Grosso do Sul.

Praticamente todas as variedades de citros são suscetíveis ao ataque de moscas-das-frutas, sendo A. fraterculus e C. capitata atualmente as espécies de maior relevância para a citricultura.

Identifique

Identificação

As moscas-das-frutas possuem quatro fases em seu ciclo de vida: ovo, larva, pupa e adulto. Os adultos apresentam coloração predominante amarelo-alaranjada, com faixas no abdômen.

Ceratitis capitata mede aproximadamente 4 a 5 mm, com tórax de coloração escura, abdômen amarelo e asas levemente claras, com listras amarelas sombreadas de preto.

Ceratitis capitata

Anastrepha fraterculus mede de 7 a 8 mm, com tórax e abdômen amarelados. Suas asas apresentam faixas sombreadas de amarelo e marrom-escuro, formando padrões em formato de ‘S’ e ‘V’ invertido.

Anastrepha fraterculus

As larvas de ambas as espécies possuem cabeça reduzida e retraída, e passam por três ínstares. Somente o terceiro estágio é visível, apresentando coloração amarelo-clara. Ao final desse estágio, a larva (pré-pupa) abandona o fruto e cai no solo, atingindo uma profundidade de 5 a 10 cm. No solo, transforma-se em pupa, ficando imóvel até os insetos adultos (fêmeas e machos) emergirem. A duração do ciclo de vida de C. capitata é de aproximadamente 22 a 24 dias, enquanto o de A. fraterculus é de 26 a 28 dias, ambos a uma temperatura média de 25 ˚C. A longevidade dos insetos adultos é muito dependente das condições ambientais.

Sintomas

Sintomas

Ceratitis capitata prefere atacar frutos maduros, enquanto Anastrepha fraterculus pode atacar frutos verdes próximos do início da maturação até os maduros. Nos frutos verdes, mesmo que as larvas não se desenvolvam, o ataque pode provocar queda precoce.

Essas pragas causam danos diretos aos frutos, pois as fêmeas adultas realizam puncturas nos frutos, especificamente nas glândulas de óleo da casca (flavedo), para a oviposição. A. fraterculus geralmente coloca um ovo por postura, enquanto C. capitata pode depositar até dez ovos. As larvas se alimentam do endocarpo (polpa), causando pontos amolecidos e descoloração da casca na região da oviposição, formando um halo mole ao toque. Posteriormente, esses pontos escurecem e, com a saída da larva para empupar, o fruto tem sua decomposição acelerada, com apodrecimento interno. Uma vez atacados pela praga, os frutos tornam-se inviáveis tanto para consumo in natura quanto para a indústria de suco.

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Monitoramento

Monitoramento

O monitoramento das moscas-das-frutas é importante pois permite a detecção precoce dos adultos, por meio de armadilhas com atrativos alimentares ou sexuais. Em variedades precoces, as armadilhas devem ser instaladas quando os frutos atingirem 50% do tamanho final. Em variedades tardias, recomenda-se instalar as armadilhas próximo ao início do amarelecimento dos frutos. Atualmente, utilizam-se dois modelos principais de armadilhas: McPhail e Jackson.

A armadilha McPhail, popularmente conhecida como “frasco caça-moscas”, serve para capturar A. fraterculus e C. capitata. Possui uma base amarela com orifício de entrada, onde se adiciona o atrativo alimentar (proteína hidrolisada). Sobre a base, há uma tampa plástica transparente que permite a entrada de luz solar, favorecendo a atração e entrada dos insetos. Essa armadilha deve ser instalada entre a metade e o terço superior da copa, preferencialmente na face mais sombreada da árvore. Recomenda-se sua distribuição tanto no centro quanto na periferia do pomar, com espaçamento entre 100 e 200 metros para áreas de até 10 hectares. Em pomares com mais de 10 hectares, é indicada a instalação de uma armadilha por hectare. A inspeção das armadilhas deve ser realizada semanalmente. Os atrativos proteicos devem ser trocados de acordo com a recomendação do fabricante.

Armadilha mcphail

A armadilha Jackson, de formato triangular, é utilizada com o paraferomônio sexual trimedlure, que atrai e captura exclusivamente machos de C. capitata. Devido a essa especificidade, seu uso é recomendado em locais com histórico de infestações dessa espécie. As armadilhas devem ser fixadas no terço superior e no interior da copa das árvores. Recomenda-se instalar uma armadilha a cada três hectares em pomares com topografia uniforme e uma por hectare em áreas com topografia acidentada. As armadilhas devem ser inspecionadas semanalmente. O piso adesivo removível deve ser substituído a cada 15 dias, enquanto o paraferomônio trimedlure deve ser substituído entre 6 e 12 semanas, conforme as condições climáticas — temperaturas elevadas e ventos constantes reduzem sua vida útil.

Armadilha Jackson

O nível de controle é determinado pelo índice MAD (moscas-das-frutas capturadas por armadilha por dia), calculado com base no número de moscas-das-frutas capturadas (M), número de armadilhas (A) e dias de exposição (D). Esse índice varia conforme o tipo de armadilha utilizada: para a armadilha McPhail, o nível de controle é atingido quando o MAD é igual ou superior a um, independentemente da espécie. Já para a armadilha Jackson, considera-se o nível de controle quando o MAD é igual ou superior a dois adultos de C. capitata.

Controle

Controle

Controle biológico

Como forma de controle biológico, podem ser aplicados produtos à base do fungo Beauveria bassiana. Além disso, parasitoides das famílias Braconidae, Figitidae e Diapriidae apresentam potencial para uso no controle de moscas-das-frutas.

Controle químico

Para o controle de adultos, são utilizadas iscas tóxicas compostas por uma mistura de atrativo alimentar (proteína hidrolisada) e inseticidas pertencentes aos grupos químicos organofosforado, piretroide, neonicotinoide e espinosina. A aplicação deve ser feita em áreas limitadas — de no máximo 1 m² — no centro da copa das árvores e em ruas alternadas. O citricultor deve utilizar produtos presentes na lista ProteCitrus.

Controle cultural

Recomenda-se remover e destruir os frutos danificados, tanto os ainda nas árvores quanto os que já caíram ao chão, retirando-os dos talhões. A colheita antecipada, quando possível, pode ser adotada como medida complementar, pois reduz o período de exposição dos frutos ao ataque de moscas-das-frutas.