Fundecitrus

Pragas e Doenças

Uma diversidade de pragas e doenças afeta a citricultura brasileira. Por meio de pesquisas, o Fundecitrus, em parceria com outras instituições, busca oferecer aos citricultores e à comunidade científica um material de referência para a identificação, prevenção e controle das pragas e doenças mais frequentes ou impactantes nas principais regiões produtoras de citros do país.

Leprose / Ácaro-da-leprose

Cancro cítrico

Morte Súbita dos Citros (MSC)

Pinta preta

Podridão floral

Bicho-furão

Moscas-das-frutas

Mosca-negra

Ortézia

Pulgões

Minador-dos-citros

Escama farinha

Ácaro-da-falsa-ferrugem

Ácaro-branco

Ácaros tetraniquídeos

Bicho-furão-dos-citros

O bicho-furão-dos-citros, Gymnandrosoma aurantianum, causa danos diretamente aos frutos, provocando seu apodrecimento e queda, tornando-os inviáveis tanto para o consumo in natura quanto para a indústria de suco.

As maiores perdas ocorrem em regiões mais quentes e úmidas, fatores que favorecem o potencial biótico do inseto. Talhões de citros próximos a matas também são mais suscetíveis a infestações, pois esse inseto é polífago, com hospedeiros como a goiabeira, a lichia, a mangueira, a macadâmia e a fruta-do-conde.

Talhões com manejo inadequado e áreas onde há atraso ou deficiência na colheita favorecem a reprodução e migração das mariposas para outros talhões com frutos favoráveis à oviposição e ao consequente desenvolvimento das lagartas em seu interior, ocorrendo a sucessão hospedeira entre variedades que frutificam em diferentes épocas.

Essa praga é provavelmente nativa do Brasil e foi relatada pela primeira vez em 1915, no estado de São Paulo, infestando laranjas. Além do Brasil, ocorre na Argentina, Barbados, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Guiana Francesa, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Porto Rico, Suriname, Venezuela, Belize, República Dominicana, El Salvador, Guatemala, Haiti, Jamaica, Bolívia, Uruguai, Dominica, Trinidade e Tobago, Equador e Peru.

Sintomas

Sintomas

Os frutos atacados tornam-se mais amarelos, ficando evidente o orifício de penetração da lagarta. Na saída do orifício, é possível visualizar excrementos e restos de alimentação endurecidos, além de um halo ao seu redor, formado pelo endurecimento da casca.

Sintomas bicho-furão
Monitoramento

Monitoramento

Até o início dos anos 2000, o monitoramento baseava-se na observação de frutos atacados na planta. Estabelecia-se uma porcentagem de frutos com injúrias (5%) para que o nível de controle fosse atingido. Porém, esse sistema era falho, pois, nesse estágio, a praga já estava estabelecida na área e parte dos frutos já se encontrava danificada. Tal procedimento também acarretava danos acumulativos, já que, se houvesse novo ataque da praga na mesma variedade, as perdas acumuladaschegariam a 10%. Além disso, o controle baseado em danos nos frutos não era efetivo, pois as lagartas recém-eclodidas permanecem expostas por poucas horas ao ambiente externo, e as pupas se desenvolvem no solo ou no interior do fruto, estando assim protegidas da calda inseticida.

Em 2001, o feromônio sexual produzido pela fêmea da espécie foi identificado e formulado em liberadores do tipo “blister ou pastilha” para o monitoramento da praga. Esse produto comercial foi denominado Ferocitrus Furão®.

Bicho-furão Armadilha

Com a identificação desse feromônio sexual e o conhecimento do comportamento de cópula da mariposa, tornou-se possível um monitoramento mais precoce e assertivo, pois o alvo passou a ser os adultos machose não mais a lagarta, responsável pelos danos nos frutos e de difícil controle devido ao seu hábito de se instalar no interior do fruto logo no primeiro ínstar. Com o advento dessa tecnologia, viabilizou-se o controle do adulto, fase mais móvel e exposta do inseto, além de possibilitar a tomada de decisão antes que ele coloque ovos nos frutos e se estabeleça na área, evitando os danos, uma vez que o controle dos adultos impede o surgimento de lagartas.

Após a descoberta, síntese e desenvolvimento do produto feromonal para monitoramento, foi estabelecida uma correlação entre o número de insetos capturados nas armadilhas e os danos causados nos frutos do pomar. Isso resultou na definição dos níveis de controle e de não controle para adultos, com base na contagem de adultos/armadilha. Além disso, foi determinado que as pastilhas devem ser trocadas a cada quatro semanas (28 dias), pois há redução na atratividade e na captura após esse período, provavelmente devido à diminuição da taxa de liberação do feromônio no ambiente.

Também foi estabelecido um critério de nível de controle baseado em fatores abióticos que afetam a bioecologia do inseto e sua correlação com os danos nos frutos: Controle imediato, caso a média de captura de G. aurantianum seja igual ou superior a 9 machos/armadilha/semana. Se o índice de captura for de 6 a 8 machos/armadilha/semana, medidas de controle devem ser adotadas se essa média se repetir por duas semanas consecutivas. Caso a média seja de até 5 insetos/armadilha/semana, não se adotam medidas de controle, mas a inspeção das armadilhas deve continuar semanalmente.

Para mais informações sobre o bicho-furão, acesse o manual técnico disponível em https://www.fundecitrus.com.br/comunicacao/

Controle

Controle

Para o controle do bicho-furão, podem ser utilizados inseticidas químicos, biológicos ou reguladores de crescimento de insetos. O controle químico deve ser realizado preferencialmente ao entardecer, a partir das 17 horas, horário em que a praga se expõe no ponteiro da planta para acasalamento e posterior oviposição sobre os frutos. As pulverizações devem ocorrer somente nos talhões que atingirem o nível de controle.

Controle biológico

Os inseticidas biológicos à base de Bacillus thuringiensis são eficazes no controle das lagartas dessa espécie. Esses inseticidas agem por mais tempo quando misturados com óleo vegetal ou mineral..

A pulverização deve ser feita por cobertura em toda a planta, entre 7 e 8 dias após o alcance do nível de controle. O objetivo é sincronizar a aplicação com o momento em que as lagartas estejam prestes a eclodir, permitindo que entrem em contato com o produto biológico durante o trânsito sobre o fruto, ou seja, antes de sua entrada no fruto, o que ocorre em até quatro horas após a eclosão.

Controle fisiológico

Os produtos fisiológicos interferem na troca e na formação de quitina (“pele”) dos insetos, inibindo ou acelerando seu crescimento. Possuem efeito por até 30 dias.

Esses produtos são mais seletivos em relação aos inimigos naturais do bicho-furão, preservando aranhas, formigas, ácaros e outros predadores.

Controle químico

Recomenda-se o uso de inseticidas químicos registrados para essa praga/cultura, conforme descrito na lista ProteCitrus. É mandatório que haja rotação de moléculas com diferentes modos de ação, para evitar a seleção de populações resistentes aos ativos utilizados no controle.

Se a escolha for pelo controle de insetos adultos, é recomendável realizar a pulverização assim que for atingido o nível de controle. Antes da aplicação dos defensivos, é importante contar com a orientação de um agrônomo para definir as doses corretas, garantir a seletividade aos inimigos naturais e o uso adequado dos equipamentos de proteção.

Cuidados Adicionais - Controle Cultural

Além da aplicação de inseticidas, alguns cuidados adicionais contribuem para o controle do bicho-furão-dos-citros. Um deles é a coleta e destruição dos frutos atacados, a fim de interromper o ciclo de vida do inseto.

É importante retirar os frutos que caem no chão e os frutos atacados que ficam nas árvores. Os frutos caídos, na maioria das vezes, já não possuem a lagarta, que desceu ao solo para entrar na fase seguinte do ciclo, a de pupa.

Para interromper esse ciclo, os frutos atacados devem ser enterrados, com uma camada de pelo menos 30 cm de terra sobre eles, para impedir que as lagartas sobrevivam e voltem à superfície, reiniciando o ciclo.

Outra medida importante para reduzir a população do inseto é realizar a colheita o mais rapidamente possível. A mariposa do bicho-furão costuma migrar de talhões com frutos maduros para outros com frutos em fase inicial de maturação. Isso acontece principalmente em pomares com variedades de citros precoces, de meiaestação e tardias, o que favorece a sucessão hospedeira do bicho-furão devido à presença contínua de frutos.