Minador-dos-citros
O minador-dos-citros (Phyllocnistis citrella) é um inseto da ordem Lepidoptera, originário da Ásia, que ocorre de forma generalizada em todas as regiões citrícolas do mundo. Na fase adulta, a pequena mariposa tem envergadura de aproximadamente 4 mm, com escamas de coloração branca e prateada, além de um ponto preto nas asas anteriores, característico da espécie.

Sintomas
Diretos
As lagartas ou larvas se alimentam da epiderme de ramos, frutos e, principalmente, de folhas jovens, provocando a formação de galerias que aparecem como linhas sinuosas brancas ou prateadas, devido ao descolamento da cutícula da região afetada. Esse dano prejudica o desenvolvimento das brotações. É comum a presença de mais de uma lagarta por folha, que pode ser atacada em ambas as faces.

Indiretos
Os maiores prejuízos causados pela praga são indiretos. As lesões provocadas pelo minador-dos-citros aumentam a severidade de cancro cítrico nos pomares.

Embora o inseto não atue como vetor — ou seja, não transmita a doença —, ele facilita a penetração da bactéria no tecido do hospedeiro. Ao se alimentarem, as lagartas causam ferimentos que expõem o tecido do mesófilo à infecção por Xanthomonas citri subsp. citri, bactéria causadora do cancro cítrico, por um período maior do que o proporcionado por lesões causadas por vento, espinhos ou podas. Os sintomas do cancro cítrico em folhas danificadas pelo minador surgem mais rapidamente e, geralmente, são mais severos do que os sintomas desenvolvidos por meio da penetração via estômatos. Por isso, o controle do inseto nos pomares é considerado uma estratégia essencial para evitar ou reduzir a severidade do cancro cítrico.


Monitoramento
Antes de iniciar o controle, é preciso conhecer a incidência da praga nos talhões. Para isso, é necessário dividir a propriedade em áreas de, aproximadamente, duas mil plantas. Em cada talhão, devem ser escolhidas aleatoriamente 1% das árvores (cerca de 20) em formação ou em produção, que estejam em fase de emissão de brotações. Em cada árvore, devem ser examinados de três a cinco ponteiros de ramos recém-brotados para verificar e anotar a presença ou ausência da praga.
Considera-se a presença positiva quando, na folha, há pelo menos uma lagarta que esteja no primeiro ou segundo estágio.
1º estágio: A cabeça da lagarta é maior que o corpo.
2º estágio: A lagarta encontra-se em galerias pouco desenvolvidas, distantes da lateral da folha.
O nível de controle é atingido quando há lagartas vivas de primeiro e segundo estágios em 10% dos ramos amostrados em pomares novos e em 30% dos ramos em pomares adultos.

Controle
O minador-dos-citros prefere vegetações novas. Por isso, o controle do inseto deve ser iniciado na primavera, época em que se iniciam as brotações e ocorre o desenvolvimento da lagarta.
Embora o controle evite o enfraquecimento das plantas, o principal objetivo do manejo da praga é reduzir as chances de contaminação do pomar pelo cancro cítrico, além de diminuir a severidade dos sintomas nos locais onde a doença já está presente.
Controle químico
O controle químico é feito por meio de aplicações periódicas durante a primavera e o verão, visando à proteção das brotações. Os produtos mais utilizados são à base de abamectina, misturados com óleo mineral na concentração de 0,25%.
Controle biológico
Pesquisadores do Fundecitrus, Embrapa, Esalq/USP e Gravena Manejo Ecológico trouxeram da Flórida (EUA), em agosto de 1998, o parasitoide Ageniaspis citricola, um inimigo natural do minador-dos-citros.
Esse inseto parasita o primeiro estágio da larva e, quando presente nos pomares, reduz a população do minador-dos-citros. A liberação é relativamente simples: folhas contendo lagartas do minador-dos-citros com o parasitoide, em condições de laboratório, são colocadas em gaiolas e levadas ao pomar em recipientes protegidos com tela. Esses recipientes são fixados nos galhos das árvores e, alguns dias depois, os adultos emergem e se espalham pelos talhões à procura de novas lagartas.
No Brasil, o parasitoide chega a parasitar até 76% das lagartas do minador-dos-citros. No entanto, o uso de inseticidas não seletivos reduziu significativamente sua população e, consequentemente, a taxa de parasitismo.