Fundecitrus

Pragas e Doenças

Uma diversidade de pragas e doenças afeta a citricultura brasileira. Por meio de pesquisas, o Fundecitrus, em parceria com outras instituições, busca oferecer aos citricultores e à comunidade científica um material de referência para a identificação, prevenção e controle das pragas e doenças mais frequentes ou impactantes nas principais regiões produtoras de citros do país.

Leprose / Ácaro-da-leprose

Cancro cítrico

Morte Súbita dos Citros (MSC)

Pinta preta

Podridão floral

Bicho-furão

Moscas-das-frutas

Mosca-negra

Ortézia

Pulgões

Minador-dos-citros

Escama farinha

Ácaro-da-falsa-ferrugem

Ácaro-branco

Ácaros tetraniquídeos

Clorose Variegada dos Citros (CVC)

Conhecida como “amarelinho”, é uma doença causada pela bactéria Xylella fastidiosa, que atinge todas as variedades de laranja. A bactéria obstrui os vasos responsáveis pelo transporte de água e nutrientes da raiz para a copa.

Atualmente, a doença não é expressiva no cinturão citrícola (apresenta baixa incidência) e não causa prejuízos como no passado.

Identifique

Identificação

Sintomas em folhas

  • Manchas pequenas e amareladas na parte da frente (superior) e manchas de cor palha com pequena formação de goma na parte de trás (inferior).
  • Em plantas muito afetadas, é comum o aparecimento de folhas com sintomas de deficiência de zinco nos ponteiros dos ramos.
  • É também comum o murchamento das folhas dos ramos afetados, principalmente nas horas mais quentes do dia.
Sintomas em folhas

Sintomas em fruto

  • Nos ramos com sintomas foliares, os frutos não se desenvolvem adequadamente e amadurecem mais cedo.
  • Os frutos de ramos sintomáticos ficam pequenos, amarelos, duros e com peso até 75% inferior ao de frutos de plantas sadias ou de ramos assintomáticos.
  • Estes frutos também são mais sensíveis aos raios solares, que causam lesões escuras na casca.
Sintomas em Frutos
Controle

Controle

Para o controle da CVC, recomenda-se iniciar novos plantios ou replantios com mudas sadias oriundas de viveiros telados e certificados, eliminar plantas com sintomas ou substituir a copa doente por copa sadia e pulverizar as copas com inseticidas para controle do inseto vetor: as cigarrinhas.

Além dessas medidas, é importante manter os tratos culturais exigidos pelo pomar. Deve-se ressaltar que nenhuma das ações de manejo terá eficiência se for adotada isoladamente.

Mudas sadias

Para evitar que o citricultor corra o risco de levar a bactéria Xylella fastidiosa para a sua propriedade e perca árvores antes que elas comecem a produzir, o primeiro passo é adquirir mudas que estejam livres da doença. Para isso, é preciso verificar se o viveiro telado adota todas as medidas de segurança para a produção de mudas, se é certificado e se respeita as regras sanitárias estabelecidas pela Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo.

Eliminação de plantas doentes ou troca de copa

A eliminação de plantas com sintomas de CVC é uma das mais importantes medidas de controle. Essa ação evita que a planta contaminada sirva como fonte da bactéria para outras plantas sadias.

No passado, foi recomendada a poda em plantas adultas, com mais de 6 anos, como método de controle da CVC. Nessas plantas, orientava-se cortar o ramo com sintomas iniciais cerca de 70 cm abaixo da região onde os sintomas foram observados. No entanto, estudos recentes mostram que, mesmo em plantas adultas, a poda, como recomendada, é eficaz apenas em uma pequena porcentagem de casos, pois a bactéria geralmente já se encontra abaixo das bifurcações dos ramos, muitas vezes até abaixo da saída das pernadas. Assim, mesmo a poda drástica ou seja, cortando-se a planta no tronco, acima da linha de junção entre a copa e o porta-enxerto não se mostra eficiente. Em plantas jovens, essa prática definitivamente não funciona.

A troca de copa é uma alternativa à eliminação das plantas afetadas pela CVC. Essa técnica baseia-se no fato de que a CVC é uma doença exclusiva de laranjeiras; ou seja, a bactéria não se multiplica eficientemente em outros tipos de citros. Assim, ela não desce ao porta-enxerto, seja ele limão ‘Cravo’, citrumelo ‘Swingle’ ou outro utilizado. Portanto, ao cortar a planta no tronco do porta-enxerto, elimina-se toda a parte afetada da laranjeira. Uma nova copa sadia pode ser formada por meio do enxerto de gemas nas brotações que surgirem no ‘toco’ que sobrou do porta-enxerto. As novas copas crescem rapidamente e iniciam a produção em pouco tempo. Com essa técnica, também se reduzem os custos com preparo do solo, compra de novas mudas e irrigação.

Monitoramento

Monitoramento

O monitoramento e o controle das cigarrinhas vetoras da CVC são muito semelhantes aos do psilídeo Diaphorina citri, vetor do greening.

Acesse: https://www.fundecitrus.com.br/pragas-e-doencas/greening-e-psilideo/

Cigarrinhas

As cigarrinhas são insetos sugadores que se alimentam de vários tecidos vegetais, principalmente do sistema vascular dos citros. Da ordem Hemíptera, elas se dividem em mais de 70 espécies, pertencentes a oito famílias distintas. A maioria habita a vegetação rasteira.

Em anos chuvosos, as cigarrinhas aparecem na primavera e, em anos secos, começam a surgir no início do verão. Embora algumas espécies possam sugar volumes significativos da seiva de plantas cítricas, essa alimentação tem pouco impacto econômico para a cultura. As exceções são algumas espécies da subfamília Cicadellinae, consideradas pragas-chave por serem vetores da bactéria Xylella fastidiosa, que causa a Clorose Variegada dos Citros (CVC).

As cigarrinhas podem transmitir a bactéria em todas as fases de desenvolvimento e durante todo o ciclo de vida, a partir do momento em que adquirem a Xylella fastidiosa. No entanto, a fase mais importante para a transmissão é a adulta. Doze espécies de cigarrinhas são comprovadamente capazes de transmitir a CVC.

Cigarrinhas
Sintomas

Espécies

Dilobopterus costalimai

Alimenta-se de brotações e folhas novas. Os ovos, amarelados, são depositados dentro das folhas, ao longo das nervuras. Antes de atingir a fase adulta, passa por cinco estágios ninfais, com duração média de 65 dias.

Mede cerca de 0,8 cm, apresenta linhas escuras na cabeça, e seus olhos são grandes e negros. Ocorre na Argentina, Brasil e Paraguai.

Dilobopterus costalimai

Acrogonia citrina

Localiza-se predominantemente na parte superior das folhas, preferindo as mais tenras e novas. Os ovos são alongados e dispostos lado a lado, em duas camadas. Geralmente, são recobertos com cera pela fêmea. Ao saírem dos ovos, as ninfas são brancas, depois se tornam esverdeadas. Essa fase tem duração de 50 dias.

Acrogonia citrina

Oncometopia facialis

Prefere ramos mais desenvolvidos, sendo encontrada com mais frequência em ramos eretos. Os ovos são depositados lado a lado, em uma única camada, e recobertos com cera pela fêmea. As ninfas são escuras ao nascer e têm período de crescimento de 76 dias.

Mede cerca de 1,1 cm, tem asas marrons, mesclando áreas transparentes e douradas, com uma mancha escura na parte posterior da cabeça. Está presente na Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador e Paraguai.

Oncometopia facialis

Bucephalogonia xanthophis

Essa cigarrinha tem importância especial porque é muito encontrada em pomares em formação e, provavelmente, é a maior responsável pela transmissão da CVC para mudas. Também está presente em plantas invasoras do pomar.

Os ovos são translúcidos e depositados em pares. Mede, no máximo, 0,5 cm de comprimento, é esverdeada e a terminação de suas asas é transparente. Ocorre na Argentina e no Brasil.

Bucephalogonia xanthophis

Plesiommata corniculata

É uma espécie abundante, facilmente observada em gramíneas e em plantas cítricas. O tamanho varia entre 0,4 cm e 0,7 cm de comprimento, tem coloração palha, com nervuras marrons ou escuras nas asas. Está presente na Bolívia, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Paraguai e Peru.

Plesiommata corniculata

Macugonalia leucomelas

Prefere gramíneas, mas eventualmente pode ser vista em plantas cítricas. Apresenta grande diversidade de cores, com asas de coloração escura e manchas amarelas ou brancas.

Macugonalia leucomelas

Sonesimia grossa

Uma das maiores espécies de cigarrinhas, chegando a medir 1 cm de comprimento. Raramente é observada em plantas cítricas, vivendo em gramíneas. Tem coloração marrom e nervura clara nas asas.

Sonesimia grossa

Ferrariana trivittata

Ocorre abundantemente em vegetação rasteira, principalmente gramíneas. As asas têm faixas de cor azul e laranja. Corpo e pernas são esbranquiçados.

Ferrariana trivittata

Homalodisca ignorata

Tem aparência semelhante à Oncometopia facialis. A diferenciação entre essas duas espécies se dá pela cor do corpo: a Homalodisca é creme, enquanto a Oncometopia é roxa.

Homalodisca ignorata

Acrogonia virescens e Parathona gratiosa

As duas espécies vivem preferencialmente em plantas cítricas. A Acrogonia é verde, e a Parathona tem uma mancha clara e arredondada nas asas, que também são cobertas de pintas amarelas.

Acrogonia virescens e Parathona gratiosa

Fingeriana dubia

Ocorre em lavouras de citros e café nos estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais, mas em pequena quantidade nos cultivos de citros. Apresenta cabeça de coloração verde-amarelada com uma mancha preta em forma de pi (π) invertido.

Fingeriana dubia
Controle

Controle

Atualmente, o monitoramento e o controle das cigarrinhas vetoras da CVC são muito semelhantes aos do psilídeo Diaphorina citri, vetor do greening. O manejo do inseto tem sido efetivo para as cigarrinhas, contribuindo para que a doença não seja mais expressiva no cinturão citrícola.