Fundecitrus

Pragas e Doenças

Uma diversidade de pragas e doenças afeta a citricultura brasileira. Por meio de pesquisas, o Fundecitrus, em parceria com outras instituições, busca oferecer aos citricultores e à comunidade científica um material de referência para a identificação, prevenção e controle das pragas e doenças mais frequentes ou impactantes nas principais regiões produtoras de citros do país.

Leprose / Ácaro-da-leprose

Cancro cítrico

Morte Súbita dos Citros (MSC)

Pinta preta

Podridão floral

Bicho-furão

Moscas-das-frutas

Mosca-negra

Ortézia

Pulgões

Minador-dos-citros

Escama farinha

Ácaro-da-falsa-ferrugem

Ácaro-branco

Ácaros tetraniquídeos

Greening

Atualmente, o greening é a doença mais destrutiva dos citros no mundo e a maior ameaça à citricultura do Brasil.

Greening, em inglês, significa “esverdear”, e a doença recebe este nome porque os frutos das plantas doentes apresentam maturação irregular. Ela também é conhecida como Huanglongbing ou HLB, que, em chinês, significa “doença do ramo amarelo”, devido à presença de ramos com folhas amareladas e mosqueadas na copa da planta doente.

A doença afeta todos os tipos de citros e, até hoje, não há cura para as plantas doentes. As árvores jovens afetadas não chegam a produzir, e as adultas em produção apresentam definhamento gradual e queda prematura acentuada de frutos.

Descrito pela primeira vez no Sudeste da Ásia no final do século XIX, o greening foi identificado no Brasil em 2004, nas regiões Centro e Leste do estado de São Paulo. Atualmente, está presente em todas as regiões citrícolas paulistas e em pomares de Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, além da Argentina, Paraguai, Colômbia e Venezuela, na América do Sul; em quase todos os países da América Central e Caribe; e no México e Estados Unidos, na América do Norte.

No Brasil, duas bactérias são responsáveis pela doença: Candidatus Liberibacter asiaticus (CLas), presente em mais de 99% das plantas doentes, e Candidatus Liberibacter americanus (CLam), que foi detectada em abundância nos primeiros anos após a descoberta da doença, mas atualmente está presente em menos de 1% das plantas, por apresentar menor taxa de transmissão e maior sensibilidade a altas temperaturas que a bactéria asiática.

Essas bactérias são transmitidas por enxertia de material propagativo infectado e pelo psilídeo Diaphorina citri, inseto de coloração branco-acinzentada, com manchas escuras nas asas, comprimento de 2 a 3 mm, e muito frequente nos pomares durante os períodos de brotação das plantas.

O controle do greening exige o plantio de mudas sadias e manejo regional das fontes de inóculo e do vetor, o que implica na eliminação das plantas doentes e no controle do psilídeo tanto dentro quanto fora das propriedades comerciais.

Pomares com alta incidência da doença e sem controle adequado do inseto vetor representam uma séria ameaça aos pomares vizinhos, pois as plantas doentes servem como fonte da bactéria, que pode ser adquirida pelos psilídeos ao se alimentarem ou se reproduzirem nelas. Ao se alimentarem em plantas sadias, os insetos disseminam a bactéria e a doença tanto dentro do próprio pomar quanto para outras propriedades da região.

Por isso, o controle do greening é regulamentado no Brasil pela Portaria nº 317, de 21 de maio de 2021, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), e, em São Paulo, pela Resolução nº 88, de 7 de dezembro de 2021, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA).

De acordo com a Portaria 317 do MAPA e a Resolução 88 da SAA, o produtor deve inspecionar e eliminar as plantas com greening regularmente, pelo menos até o oitavo ano após o plantio, e sempre controlar adequadamente o psilídeo, de modo a evitar que ele se multiplique dentro dos pomares.

Ciclo

Ciclo da doença

Plantas infectadas e psilídeos portadores da bactéria são os responsáveis pela sobrevivência e disseminação da doença. Tanto a bactéria quanto o psilídeo se reproduzem em todos os tipos de citros (laranjas, tangerinas, mexericas, limas-ácidas, limasdoces e limões). A planta ornamental Murraya paniculata, conhecida como murta, falsa murta ou dama-da-noite, muito utilizada na arborização urbana e como cerca viva, também é uma excelente hospedeira do psilídeo e pode ser infectada pelas bactérias.

A bactéria pode ser transmitida pela enxertia de borbulhas infectadas em plantas sadias, e as mudas contaminadas pelo greening são um importante meio de disseminação da doença. Por esse motivo, é necessário que tenham procedência idônea e sejam produzidas em viveiros telados. Diferentemente da bactéria do cancro cítrico, a bactéria do greening não é disseminada por sementes, vento, água ou instrumentos agrícolas.

Nos pomares, a disseminação da doença é feita pelo psilídeo. Esse inseto vetor passa por seis estágios de desenvolvimento, de ovo a adulto. Ele adquire a bactéria ao se alimentar em plantas doentes e a transmite ao se alimentar em plantas sadias. Tanto a aquisição quanto a transmissão da bactéria podem ocorrer após 15 minutos de alimentação, mas quanto mais tempo ele se alimenta, maior é a eficiência de aquisição e transmissão. A aquisição é ainda mais eficaz quando o psilídeo está na fase de ninfa, e os insetos que adquirem a bactéria nessa fase apresentam maior eficiência de transmissão do que aqueles que a adquirem quando adultos. A transmissão também é mais eficiente em brotos do que em folhas maduras. Por isso, não se deve deixar plantas doentes no pomar: praticamente todos os psilídeos que se desenvolverem ou se alimentarem nelas irão disseminar a bactéria. O correto é eliminar imediatamente a árvore com greening, independentemente de sua localização no pomar.

Como o psilídeo prefere brotações para se alimentar e se reproduzir, a única maneira de proteger uma planta sadia é pulverizá-la com inseticidas. A aplicação deve ser constante, devido ao rápido crescimento dos brotos e à ausência de movimentação sistêmica dos inseticidas aplicados sobre as folhas.

A bactéria vive nas ‘veias’ das plantas (vasos do floema), por meio das quais ela se espalha rapidamente para todas as partes da árvore: raízes, ramos, folhas e frutos. Após a transmissão da bactéria pelo psilídeo, os sintomas do greening começam a aparecer nas folhas das árvores entre 4 e 10 meses. Uma planta infectada, mesmo sem sintomas visíveis, já pode servir de fonte da bactéria para plantas sadias. Por isso, as laranjeiras devem ser vistoriadas frequentemente por pessoas que conheçam bem os sintomas do greening, para que as plantas doentes sejam eliminadas ao longo do tempo de uma determinada área.

Quando os sintomas aparecem nas folhas ou frutos das extremidades dos galhos, a bactéria já se encontra nas raízes. É por isso que a poda de ramos com sintomas ou o tratamento térmico da copa da planta são inúteis e até perigosos. Além de não curar a planta, as brotações que surgem após a poda ou termoterapia já contêm a bactéria e servem como atrativo para o inseto vetor, que irá adquiri-la e disseminá-la para plantas sadias.

Planta doente greening
Sintomas

Sintomas

Os sintomas do greening podem ser vistos durante o ano todo, com maior frequência entre o final do verão e o início da primavera. Primeiramente, observa-se a presença de um ou mais ramos com folhas amareladas, quando jovens, e mosqueadas, quando maduras. O mosqueado se caracteriza por manchas irregulares no limbo foliar, que alternam gradativamente entre o verde e o amarelo, sem simetria entre as duas metades da folha separadas pela nervura central. As folhas afetadas tendem a cair e, em seu lugar, surgem novas brotações pequenas com folhas na posição vertical, como “orelhas de coelho”. Em alguns casos, a nervura da folha torna-se grossa e mais clara (amarelada), podendo também apresentar textura áspera (corticosa).

Os frutos de ramos com sintomas de greening não amadurecem normalmente, adquirem uma coloração verde-clara manchada e caem precocemente. Geralmente, ficam deformados, pequenos e assimétricos em relação ao eixo central. Na região de inserção do pedúnculo, observa-se uma coloração alaranjada. Ao cortar o fruto, é possível verificar, internamente, filetes alaranjados na columela a partir da região do pedúnculo, sementes abortadas (chochas e necrosadas) e o albedo (parte branca da casca) com espessura maior que a de um fruto sadio. O suco das frutas doentes tem sabor mais ácido, menos doce e mais amargo.

Em plantas novas, a árvore pode ficar totalmente comprometida em um ou dois anos. Plantas mais velhas podem levar de três a cinco anos para serem totalmente afetadas pelos sintomas.

Monitoramento

Diferenciação de sintomas

O sintoma de greening em folhas pode ser confundido com outras doenças. Saiba identificar as diferenças:

Greening: Folhas mosqueadas com clorose assimétrica (esse sintoma típico é fundamental para a detecção em campo e em diagnóstico de laboratório), além de frutos pequenos, deformados, com maturação desuniforme e que caem prematuramente.

CVC: Pequenas manchas amarelas intensas e irregulares na frente da folha e lesões de cor palha na parte de trás. As folhas podem ficar “acanoadas”, como se estivessem murchas. Os frutos são pequenos, de formato normal, com maturação precoce e não caem prematuramente.

Gomose: Folhas amareladas e nervura central mais grossa e de cor mais clara (amarelada). Os sintomas típicos incluem lesões necróticas e presença de goma no tronco, localizadas próximas ao solo.

Rubeolose: Ocorrência de filamentos brancos a rosados do fungo e rachaduras na casca próximas às bifurcações dos ramos com as folhas suspeitas.

Podridão floral: Ocorrência de cálices florais retidos (“estrelinhas”) nos ramos com folhas suspeitas.

Deficiência de zinco: Folhas pequenas e estreitas, com clorose intensa e quase simétrica entre as nervuras. As brotações ficam com internódios curtos (pequena distância entre as folhas no broto).

Deficiência de manganês: Clorose entre as nervuras, mais pálida e menos acentuada do que a observada na deficiência de zinco.

Deficiência de magnésio: Afeta folhas mais velhas, com amarelecimento em forma de “V” invertido.

Deficiência de cobre: As folhas dos ponteiros ficam amareladas e os ramos mais novos apresentam ondulações e rachaduras, com presença de bolsas de goma.

Ramos quebrados, anelados ou com ataque intenso de pragas: As folhas podem ficar com aspecto semelhante ao das folhas com greening. No entanto, os sintomas nos frutos não são observados.

Difereças sintomas
Controle

Controle

O controle do greening envolve uma série de medidas que devem ser adotadas tanto dentro quanto fora das propriedades comerciais, por todos os produtores da região.

1 - Planejamento e escolha do local de plantio

Em cada localidade, deve-se analisar cuidadosamente a situação da incidência da doença e o nível de controle adotado nas propriedades vizinhas, dentro de um raio de 10 km. Regiões com alta incidência de greening e baixa adesão dos produtores ao controle da doença devem ser evitadas para o início de um novo pomar.

Recomenda-se o plantio em áreas grandes e, preferencialmente, com formato quadrado, evitando-se áreas recortadas ou estreitas, para reduzir a área de borda — que é mais suscetível à infestação por psilídeos vindos de pomares sem controle da doença. A renovação do pomar deve ocorrer em blocos contínuos, evitando-se o plantio de talhões novos próximos a talhões antigos e contaminados.

2 - Plantio de mudas sadias e de qualidade

As mudas devem ser produzidas em viveiros certificados, protegidos com telas antiafídicas e cadastrados na Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) do Estado de São Paulo. O produtor deve dar preferência a mudas com pernadas já formadas, o que pode antecipar a produção e reduzir o tempo de exposição ao psilídeo no campo. O plantio de mudas sadias é indicado para a prevenção de todas as doenças da citricultura, pois garante que o pomar seja iniciado sem contaminação.

3 - Aceleração do crescimento e da produtividade das plantas

O objetivo dessa medida é evitar que a planta seja contaminada pelo greening durante a sua fase mais suscetível — nos quatro primeiros anos após o plantio e assegurar uma boa produção. São recomendados: o plantio de mudas formadas, adensamento do pomar, uso de mulch plástico, irrigação e nutrição adequadas. Pomares produtivos e sem estresses podem suportar a doença por mais tempo.

4 - Manejo intensificado na faixa de borda

Cerca de 80% dos psilídeos e das plantas infectadas encontram-se nos primeiros 100 a 200 metros a partir da divisa da propriedade, a chamada faixa de borda. Isso ocorre porque, ao voar de um pomar para outro, o psilídeo pousa nas primeiras plantas de citros com brotação que encontra.

Algumas medidas ajudam a minimizar este “efeito de borda” e a evitar que o inseto voe para o interior do pomar:

Plantio mais adensado da faixa de borda, paralelo à divisa do pomar, o que facilita pulverizações mais frequentes. Após o crescimento, essas plantas servem de barreira para a entrada do psilídeo no interior da propriedade.

– Controle mais frequente do psilídeo nessa área, para impedir sua disseminação para a parte central da fazenda.

– Aplicação de caulim processado na faixa de borda, que tem mostrado bons resultados na repelência do psilídeo e na redução da transmissão da doença.

– Replantio frequente da faixa de borda após a eliminação de plantas doentes, evitando que as aberturas sem plantas facilitem a penetração do psilídeo no interior do pomar.

5 - Inspeção de plantas

As inspeções devem começar a partir do segundo ano da implantação do pomar. É recomendado realizar, no mínimo, quatro inspeções por ano em todas as plantas cítricas, principalmente entre fevereiro e agosto, período em que os sintomas da doença são mais visíveis.

Nas propriedades não contaminadas, as inspeções devem ser iniciadas pela periferia, nas divisas e faixas de borda dos talhões, locais onde o psilídeo e, consequentemente, a doença — tende a se concentrar.

Em pomares jovens ou menores, as inspeções a pé ou em plataformas com dois inspetores são eficientes. Em pomares com plantas adultas e mais altas, recomenda-se o uso de plataformas com quatro inspetores: dois observando o topo e o meio das plantas e dois observando a saia e o meio.

As vistorias devem ser realizadas por inspetores bem treinados no reconhecimento dos sintomas iniciais da doença.

6 - Erradicação de plantas com sintomas

Todas as plantas com greening devem ser eliminadas, independentemente da idade ou severidade dos sintomas. Antes da erradicação, recomenda-se a pulverização com inseticidas nas plantas doentes, para evitar que insetos contaminados se dispersem para árvores sadias durante a operação do corte ou arranquio.

O corte da planta deve ser feito rente ao solo, com a aplicação imediata de herbicida sobre o lenho para evitar o rebrote do tronco e das raízes. Não há necessidade de queima, e a substituição da planta pode ser feita após o término do efeito do herbicida, evitando uma possível intoxicação da replanta.

Caso as plantas doentes não sejam eliminadas, é imprescindível a aplicação de inseticidas no pomar ao menos a cada 14 dias, para evitar que os psilídeos se reproduzam, adquiram a bactéria nas plantas infectadas e a transmitam para plantas sadias.

7 - Controle do psilídeo

Controlar o psilídeo, por meio do monitoramento do inseto e de aplicações de produtos químicos, é fundamental para o controle do greening.

8 - Ações de manejo regional

O controle do greening em larga escala, de forma coordenada e simultânea por todos os produtores de uma mesma região, é essencial. A eliminação de plantas com sintomas e o controle do psilídeo dentro e fora das propriedades comerciais reduzem significativamente a contaminação de novas plantas, impedindo que psilídeos se desenvolvam em plantas doentes, saiam dessas plantas, voem para outros pomares e contaminem plantas sadias.

Psilídeo

O psilídeo Diaphorina citri é o inseto transmissor da bactéria Candidatus Liberibacter spp., causadora do greening.

Originário do continente asiático, o inseto foi identificado no Brasil na década de 40 e, por muitos anos, foi considerado uma praga secundária. Atualmente, está presente nas principais regiões produtoras de citros do país e, desde que o greening foi relatado no Brasil, em 2004, o psilídeo passou a ser a maior ameaça à citricultura brasileira.

O psilídeo está presente nos pomares durante todo o ano, com picos populacionais no fim do inverno, primavera e, principalmente, no verão, época de maior frequência de brotações. No entanto, em anos chuvosos, também podem ocorrer picos populacionais durante o outono e o inverno.

Identifique

Identificação do psilídeo

Ovos: As fêmeas colocam até 800 ovos, de coloração amarela, aderidos às folhas das brotações. O ciclo de desenvolvimento (ovo a adulto) varia de 15 dias, no verão, a 40 dias, no inverno.

Adulto: O inseto mede de 2 a 3 mm de comprimento, possui asas transparentes com bordas escuras. Normalmente é encontrado nas brotações, seu local preferido de alimentação, mas também pode ser encontrado em folhas maduras.

Ninfa: Apresenta corpo achatado e coloração amarelo-alaranjada. Alimenta-se de brotos novos e movimenta-se lentamente. Durante a alimentação, elimina substâncias brancas em grande quantidade.

Ciclo do psilídeo com legenda
disseminação icone

Transmissão

Ao se alimentar de plantas doentes, o psilídeo Diaphorina citri adquire as bactérias associadas ao greening e, posteriormente, as transmite para plantas sadias. Os psilídeos que se desenvolvem (de ovo a adulto) em plantas doentes apresentam maior eficiência de transmissão do que aqueles que adquirem a bactéria na fase adulta. Por isso, a erradicação de plantas doentes é de grande importância no manejo do greening, tanto dentro das propriedades quanto em áreas externas, como pomares abandonados e caseiros.

Monitoramento

Monitoramento

Identificar a presença do psilídeo é fundamental para que o produtor possa saber o momento e os locais mais adequados para realizar as pulverizações.

Onde procurar:

Os psilídeos são encontrados com maior frequência nas bordas dos pomares, por serem os primeiros locais de instalação ao migrarem de um pomar para outro – 70% dos psilídeos são encontrados na borda dos talhões. A incidência do inseto diminui no centro do talhão e volta a aumentar perto dos carreadores. O inseto costuma colocar os ovos nos brotos, onde as ninfas se desenvolvem, mas também pode ser encontrado na parte de trás de folhas maduras.

Quando procurar:

O psilídeo está presente no pomar o ano todo, com picos populacionais no fim do inverno e na primavera, época de maior frequência de brotações.

Como procurar:

A inspeção visual deve ser feita semanalmente em árvores das bordaduras dos talhões, em 1% das plantas, avaliando de três a cinco brotações por planta, à procura de ninfas e adultos. A inspeção deve seguir um padrão em espiral, começando sempre pelas bordas e terminando no centro do talhão. Se o psilídeo for encontrado na borda, o inspetor já pode passar para o próximo talhão.

Por se tratar de um inseto vetor, a presença de apenas um psilídeo já é suficiente para indicar a necessidade de controle.

Inspeções visuais em brotos são recomendadas para checar a qualidade das pulverizações com inseticidas. A presença de ninfas nose 5º ínstares nos brotos indica que houve falha no manejo — como dose ou produto inadequado, cobertura deficiente ou frequência de aplicação insuficiente ou que o psilídeo possa estar resistente ao produto aplicado.

Armadilha adesiva amarela

As armadilhas adesivas amarelas devem ser colocadas no terço superior da copa, na extremidade do ramo e voltadas para fora do talhão, de forma que fiquem bem visíveis ao inseto. A instalação deve ser feita, preferencialmente, nas plantas da borda do talhão e na periferia da propriedade, áreas de maior concentração do psilídeo. Outros pontos de captura indicados são locais iluminados, como portarias, barracões e bins, além de pomares podados e irrigados, onde há brotações (a população do inseto tende a aumentar nas épocas de brotação).

A avaliação das armadilhas deve ser feita semanalmente, buscando, principalmente, as asas do inseto — transparentes no centro e com bordas escuras. A leitura dos cartões é mais eficiente quando feita em locais calmos e bem iluminados, como um escritório, em vez do campo.

As armadilhas devem ser trocadas a cada 15 dias ou sempre que estiverem sujas ou descoradas. A utilização de cartões cortados ao meio ou com apenas uma face exposta com cola reduz significativamente a eficiência de captura e detecção do psilídeo.

Em áreas com controle químico, as armadilhas adesivas detectam o psilídeo até 30 vezes mais do que a inspeção visual.

Armadilha adesiva amarela
Controle

Controle

Controle químico

As aplicações de inseticidas devem ser feitas ao longo do ano, sobretudo entre o final do inverno e a primavera, épocas caracterizadas por surtos vegetativos e picos populacionais do psilídeo.

Vários produtos são indicados para o controle do psilídeo, sendo fundamental utilizar inseticidas eficazes e aplicá-los corretamente. Para auxiliar na escolha, é possível consultar a plataforma Avalia Psilídeo e a ProteCitrus (Produtos para Proteção da Citricultura), que reúnem os defensivos em conformidade com a legislação internacional – ambos disponíveis no site do Fundecitrus.

  • Antes do plantio: Aplicar inseticida sistêmico de um a cinco dias antes da saída da muda do viveiro. Volume de aplicação: 50 mL/muda.
  • Pomar de 0 a 3 anos e replantas: Aplicar inseticida sistêmico (drench e/ou tronco) + inseticida foliar (pulverização), principalmente no início dos períodos de emissão de fluxos vegetativos, quando há maior população de psilídeo e as plantas são mais suscetíveis à inoculação da bactéria. Usar o sistema de Alerta Psilídeo (monitoramento do psilídeo) para indicar os locais da propriedade onde a frequência de controle deve ser maior.
  • Inseticida sistêmico (drench e tronco): Aplicar de 3 a 4 vezes ao ano, principalmente no início dos fluxos vegetativos. Normalmente, entre o fim do inverno e início da primavera (1ª aplicação), na primavera () e no verão (). Uma aplicação adicional () pode ser realizada no outono, se as condições forem favoráveis. Volume de aplicação via drench: 100 a 500 mL/árvore (de acordo com tamanho da planta).
  • Atenção: O uso de inseticidas sistêmicos não exclui a necessidade de aplicações com inseticidas foliares.
  • Inseticida foliar: Realizar pulverizações em intervalo de 7 a 14 dias, principalmente em talhões localizados nas bordas da propriedade. Com o objetivo de evitar a resistência, realizar a rotação de no mínimo três inseticidas com diferentes modos de ação. A mistura de inseticidas dos grupos químicos tradicionais com inseticidas reguladores de crescimento e óleo mineral (≥ 0,25%) também é uma tática desejável para mitigar ou evitar o problema de resistência. Para mais informações, consulte o Guia de Rotação de Inseticidas para Controle do Psilídeo, disponível no site do Fundecitrus.
  • Pomar acima de 3 anos: Seguir as mesmas recomendações de pulverização do item anterior (inseticida foliar). Pulverizar com volume mínimo de 40 mL de calda/m³ de copa, com velocidade de até 7 km/h. O volume aplicado pode ser ajustado conforme a densidade foliar, presença de frutos e condições climáticas, como temperatura e umidade relativa do ar.
  • Atenção: Respeitar o período de carência dos produtos e não pulverizar neonicotinoides durante o período de florada.

Resistência e rotação

A resistência é um problema que compromete o controle eficiente de pragas e doenças dos citros, inclusive do psilídeo. Ela ocorre quando aplicações sucessivas de inseticidas com o mesmo modo de ação, favorecendo a sobrevivência de indivíduos resistentes, que transmitem essa característica para as próximas gerações. Isso reduz o tempo de eficácia dos produtos, aumenta os custos de produção e dificulta o controle do inseto.

Para que o controle químico do psilídeo seja eficaz e a incidência de greening fique em níveis baixos, é essencial fazer a rotação de inseticidas com, no mínimo, três diferentes modos de ação – ou seja, sem que ocorram aplicações sequenciais de inseticidas com mesmo modo de ação.

Estudos de campo e laboratório realizados pelo Fundecitrus demonstraram que certos grupos de inseticidas perderam momentaneamente sua eficácia no controle populacional do inseto. Entre eles, destacam-se, neste momento, os piretroides, neonicotinoides e organofosforados. Dessa forma, para que o controle químico do psilídeo seja eficaz, é essencial que seja feita a rotação de inseticidas.

Riscos

Essa perda de eficácia de importantes moléculas traz riscos consideráveis para a citricultura. O principal perigo é o descontrole populacional do psilídeo, que favorece a disseminação do greening. Além disso, a resistência leva à necessidade de aplicações mais frequentes de inseticidas, elevando os custos de produção. Outro risco significativo é a diminuição das alternativas de controle químico disponíveis no mercado, limitando as opções dos produtores.

Psilídeo riscos

Manejo regional

O manejo regional do greening consiste no combate em larga escala coordenado por diversos produtores de uma mesma região, envolvendo a eliminação de plantas com sintomas, monitoramento e controle do psilídeo.

Esse controle conjunto evita a migração do psilídeo de uma propriedade para outra durante as pulverizações. Isso garante um período maior de controle da população do inseto, reduzindo a necessidade de pulverizações.

Para auxiliar o citricultor nesse trabalho, o Fundecitrus desenvolveu o sistema de Alerta Psilídeo, que serve de base para o manejo regional. Por meio dele, os produtores têm acesso a informações sobre a população do psilídeo em suas propriedades e nas áreas vizinhas, o que permite identificar os pontos críticos de incidência do inseto.

Além disso, as ações de controle externo do greening são fundamentais para reduzir a contaminação de novas plantas. Como nem todas as plantas de citros e murta recebem os cuidados necessários para evitar a disseminação da doença — especialmente aquelas localizadas em pomares abandonados, chácaras, quintais, pastagens e matas , é extremamente necessário que algumas ações sejam estendidas às áreas adjacentes às propriedades comerciais para um controle efetivo do greening, tais como:

– Eliminação de plantas de citros com sintomas de greening e murtas na vizinhança. Essa ação pode ser negociada com os vizinhos, oferecendo a troca por mudas de outras frutíferas ou outros benefícios. Recomenda-se a aplicação de inseticida antes da eliminação para evitar uma possível dispersão dos psilídeos;

– Aplicação de inseticidas químicos ou biológicos (contato ou sistêmicos) em plantas de citros e murta localizadas em quintais ou pomares vizinhos, onde a eliminação não for possível, sempre que o psilídeo for detectado visualmente nos brotos ou em armadilhas adesivas amarelas;

– Liberação de Tamarixia radiata, inseto que é inimigo natural do psilídeo, em áreas urbanas, quintais, pomares abandonados ou orgânicos, onde não há aplicação de inseticidas.

Informações

Mais informações:

Tudo sobre o greening

Manual manejo do greening - 10 mandamentos

Manual Perguntas e respostas sobre o greening

Guia para o citricultor: avaliação de produtos para redução de danos causados pelo greening

Tudo sobre o psilídeo

Resistência do psilídeo a inseticidas: noções fundamentais para a citricultura

Manual Psilídeo Diaphorina citri

Controlar o psilídeo é coisa séria

Guia de rotação de inseticidas para controle do psilídeo