1 - Planejamento e escolha do local de plantio
Regiões com alta incidência de greening devem ser evitadas para iniciar um novo pomar (Confira o levantamento divulgado em 2018). Recomenda-se o plantio em áreas grandes e, de preferência, no formato quadrado, evitando plantios recortados e estreitos para diminuir a área de borda, já que essa é a área do pomar mais sujeita às infestações por psilídeos vindos de outros pomares. A renovação deve ocorrer em blocos contínuos, evitando ainda o plantio de talhões novos ao lado de velhos e contaminados.
2 - Plantio de mudas sadias e de qualidade
As mudas devem ser produzidas em viveiros certificados, protegidos com telas anti-afídicas e cadastrados na Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) do Estado de São Paulo. O produtor deve dar preferência para mudas com pernadas já formadas, o que pode antecipar a produção e também permite menor período de exposição ao psilídeo no campo. O plantio de mudas sadias é indicado para a prevenção de todas as doenças da citricultura, pois garante que o pomar seja iniciado sem contaminação.
3 - Aceleração do crescimento e da produtividade das plantas
Essa medida tem como objetivo evitar que a planta seja contaminada pelo greening em sua fase mais suscetível, durante os quatro primeiros anos após o plantio, e tenha boa produção. São recomendados plantio de mudas com formação, adensamento de plantio, uso de mulch plástico, irrigação e nutrição adequada. Pomares produtivos e sem estresses podem suportar a doença por mais tempo.
4 - Manejo intensificado na faixa de borda
Cerca de 80% dos psilídeos e das plantas infectadas encontram-se nos primeiros 100 a 200 metros da divisa da propriedade, a chamada faixa de borda. Isso ocorre porque quando o psilídeo voa de um pomar para outro, ele pousa nas primeiras plantas de cítrus com brotação que encontra. Algumas medidas ajudam a minimizar este “efeito de borda” e a evitar que o inseto voe para o interior do pomar:
• Plantio mais adensado na faixa de borda, paralelo à divisa do pomar, o que também facilita pulverizações mais frequentes. Além disso, após o crescimento, as plantas servem de barreira para a entrada do psilídeo no interior da propriedade.
• Controle mais rigoroso do psilídeo nesta área para impedir a disseminação para a parte central da fazenda. A aplicação de inseticidas na faixa de borda deve ser realizada com mais frequência do que na área central.
• Replantio frequente da faixa de borda após a eliminação de plantas doentes, evitando que as aberturas facilitem a penetração do psilídeo para o meio do pomar.
5 - Inspeção de plantas
As inspeções devem começar a partir do segundo ano da implantação do pomar. É recomendado realizar, no mínimo, seis inspeções em todas as plantas cítricas durante o ano, principalmente entre fevereiro e agosto, quando os sintomas da doença são mais visíveis.
Nas propriedades não contaminadas, as inspeções devem ser iniciadas pela periferia, nas divisas e faixas de bordas dos talhões, locais onde o psilídeo e, consequentemente, a doença tendem a se concentrar.
Em pomares jovens ou menores, as inspeções a pé ou em plataformas com dois inspetores são eficientes. Em pomares com plantas adultas e mais altas, as inspeções com plataformas de quatro inspetores (dois observando o topo e o meio e dois observando a saia e o meio da planta) são mais indicadas.
As vistorias devem ser realizadas por inspetores bem treinados para o reconhecimento dos sintomas iniciais da doença.
6 - Erradicação das plantas com sintomas
Todas as plantas com greening devem ser eliminadas, independente de idade e severidade dos sintomas. Recomenda-se, antes da erradicação, realizar pulverização com inseticidas nas plantas doentes para evitar que insetos contaminados dispersem para árvores sadias durante a operação de corte ou arranquio.
O corte da planta deve ser feito rente ao solo, com a aplicação imediata de herbicida sobre o lenho para evitar o rebrote do tronco e das raízes. Não há necessidade de queima e a substituição pode ser feita após o término do efeito do herbicida, para evitar uma possível intoxicação da replanta.
7 - Monitoramento do psilídeo
Identificar a presença do psilídeo é fundamental para que o produtor possa saber o momento e locais mais adequados para realizar as pulverizações. O monitoramento do inseto deve ser feito com cartões adesivos amarelos, colocados no terço superior da copa, na extremidade do ramo e voltados para fora do talhão. A instalação deve ser feita nas plantas das bordas da propriedade e dos talhões, áreas de maior concentração de psilídeo. Outros pontos de captura indicados são locais iluminados, como portaria, barracões e bins, e pomares podados e irrigados, nos quais há brotações (a população do inseto tende a aumentar nas épocas de brotação). A avaliação deve ser semanal, buscando a asa do inseto, que tem bordas escuras e centro transparente. A leitura dos cartões é mais eficiente em local calmo e iluminado, como um escritório, do que no campo. Os cartões devem ser trocados quinzenalmente ou quando estiverem sujos ou sem cola. A utilização de cartões cortados ao meio ou com apenas uma face exposta com cola reduz significativamente a eficiência de captura e detecção do psilídeo. Inspeções visuais em brotos são recomendadas para checar a qualidade das pulverizações com inseticidas. Se forem encontradas ninfas do 3º ao 5 º instares ou adultos nos brotos é um indicativo de que as pulverizações foram malfeitas ou que o efeito residual dos produtos aplicados terminou.
8 - Controle do psilídeo
ANTES DO PLANTIO: aplicação de inseticida sistêmico de 1 a 5 dias antes da saída da muda do viveiro.
POMAR DE 0 A 3 ANOS E REPLANTAS: aplicações de inseticidas sistêmicos e pulverizações com inseticidas de contato.
• Inseticidas sistêmicos: 3 a 4 aplicações via drench ou tronco, durante o período de emissão de fluxos vegetativos, que normalmente ocorre no início da primavera e no início e no final do verão. Volume de calda no drench de 100 a 500 mL/ planta. O uso de inseticidas sistêmicos não exclui a necessidade de aplicações com inseticidas foliares.
• Inseticidas de contato: aplicar via pulverização foliar, em intervalo de 7 a 14 dias por todo o ano ou sempre que o monitoramento realizado pela propriedade ou o Alerta Fitossanitário mostrarem que é necessário. Pulverização de 25 a 40 mL de calda/m³ de copa, com velocidade de 6 a 7 km/h.
POMAR ACIMA DE 3 ANOS: pulverizações com inseticida de contato.
• Inseticidas de contato: aplicar via pulverização foliar, em intervalo de 14 a 28 dias por todo o ano ou sempre que o monitoramento realizado pela propriedade ou o Alerta Fitossanitário mostrarem que é necessário. Pulverização de 25 a 40 mL de calda/m³ de copa, com velocidade de 6 a 7 km/h. Aplicações mais frequentes de inseticidas foliares devem ser feitas durante o fluxo vegetativo e em talhões de borda ou com maior ocorrência de psilídeo e greening.
Sempre alternar inseticidas de diferentes grupos químicos.
9 - Manejo regional e alerta fitossanitário
O combate em larga escala ao greening, coordenado e simultâneo, realizado por produtores de uma mesma região, por meio de eliminação de plantas com sintomas, monitoramento e controle do psilídeo, impede que o inseto migre de uma propriedade para outra durante a pulverização.
Para fazer parte do programa de Alerta Fitossanitário do Fundecitrus ou obter mais informações, basta ligar para 0800 110 2155.
10 - Ações externas de manejo
Nem todas as plantas de cítrus ou murta recebem os cuidados necessários para evitar a disseminação do greening, principalmente aquelas em pomares orgânicos ou abandonados, chácaras e quintais. Portanto, algumas ações devem ser estendidas às áreas adjacentes às propriedades para o controle efetivo da doença:
1. Eliminação de plantas de cítrus com sintomas de greening e murtas na vizinhança. A ação pode ser negociada com os vizinhos com a proposta de troca por mudas de outras frutíferas ou outros benefícios. Recomenda-se aplicar inseticida antes da eliminação para evitar possível dispersão dos psilídeos.
2. Aplicação de inseticida de contato ou sistêmico em plantas de cítrus e murtas localizadas em quintais ou pomares vizinhos, onde não for possível a eliminação, quando o psilídeo for detectado visualmente nos cartões adesivos amarelos.
3. Liberação de Tamarixia radiata, inseto que é inimigo natural do psilídeo, em áreas urbanas, quintais, pomares abandonados ou orgânicos onde não há aplicação de inseticidas.