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Pequenos citricultores fazem consórcio para realizar ações externas contra o greening na região de Bebedouro (SP)

Em Taquaral e Taiúva (SP), municípios da região de Bebedouro, seis pequenos citricultores se uniram para realizar ações de combate ao greening do lado de fora de suas fazendas. Com o apoio do Fundecitrus, que cedeu um funcionário para atuar nas visitas de conscientização sobre a doença e importância da citricultura e para realizar as propostas de troca de plantas, os produtores dividiram igualmente todos os gastos – mão-de-obra do motosserrista, mudas de frutíferas e ornamentais, herbicida, aluguel e manutenção de máquinas e combustível – e cada um colaborou com R$ 1.300. Entre abril e maio de 2019, o consórcio percorreu mais de 17 mil hectares e erradicou 2.084 das 2.250 árvores de citros sem controle e murtas encontradas, uma eficiência de 93%. A ação foi liderada pelo engenheiro agrônomo Danilo Yamane e apoiada pelo gerente agrícola José Carlos Benedito, que falaram ao Fundecitrus sobre o trabalho e seus resultados.

Como surgiu a iniciativa de fazer a ação externa?

Danilo: A ideia começou trocando informações com o Fundecitrus, porque a gente fazia um manejo intensivo do greening, principalmente o controle do psilídeo, e já não conseguíamos aumentar muito a eficiência dentro da propriedade. E os resultados de pesquisas do Fundecitrus mostravam a grande importância dos focos externos do psilídeo. Então, para conseguir abranger um raio maior de atuação, de cinco quilômetros das fazendas, e para viabilizar economicamente, nós tentamos unir os produtores.

José Carlos: A gente trabalha junto com o Fundecitrus há muitos anos, e em uma das reuniões que eu tive lá em Araraquara [SP] foi a minha decisão [para participar das ações externas]. Dentro da fazenda [em Taquaral], são nove casas e cada uma tinha dois ou três pés de limão, e os funcionários não pulverizavam, então eu erradiquei. Isso começou dentro da fazenda.

Foi fácil reunir os citricultores da região?

Danilo: Eu acho que foi um dos maiores desafios, mas usamos principalmente a conscientização, porque muitos não tinham consciência da importância do manejo externo, então nós trouxemos resultados de pesquisas do Fundecitrus e conseguimos conscientizar esses produtores.

Então além do trabalho de conscientização da população, para aceitar a troca das plantas, foi necessário conscientizar os próprios citricultores?

José Carlos: Exatamente, porque até então eram mais os grandes produtores que estavam fazendo essas ações.

Danilo: A conscientização envolve muito o lado econômico: o manejo externo representa um valor sempre muito baixo em relação ao custo da fazenda [com o manejo do grening] diante dos benefícios que a gente consegue. Principalmente quando a gente se une, esse custo se torna extremamente baixo. Então por isso eu acho que essa conscientização foi a pedra fundamental para que conseguíssemos ter êxito. Nós conseguimos abranger uma área interessante, e os produtores que não participaram também acabaram sendo beneficiados.

E como vocês engajaram os citricultores que aceitaram participar do consórcio?

Danilo: Nós criamos um grupo no Whatsapp e íamos sempre enviando informações e fotos ilustrando as erradicações, então todos permaneciam informados e viam que o projeto estava caminhando. Transparência é o principal.

Em quanto tempo vocês esperam perceber os resultados do trabalho externo?

José Carlos: Com a eliminação desses criadouros externos, com certeza a migração de psilídeos para os pomares tende a diminuir bastante. E como a gente tenta manter a população do inseto baixa dentro da propriedade, com certeza vamos aumentar a eficiência do manejo interno.

Danilo: Nós esperamos que haja um benefício praticamente imediato. Porque pra nós, que somos pequenos, a propriedade inteira funciona como se fosse uma borda, então o impacto das áreas externas é muito maior do que em uma fazenda grande, e esse é um dos fatores que contribui para a dificuldade de manejo. Eu acho que essa é uma nova evolução da citricultura, passando da eficiência do manejo interno para o manejo regional e agora para o manejo externo.

A incidência de greening na região de Bebedouro é de 8,15%. Em propriedades pequenas (até 10 mil árvores), mais afetadas pelas áreas externas devido ao “efeito de borda”, o índice sobe para 31%